quarta-feira, 27 de maio de 2009

Pandemia de notícias


Por Maurício Vanni


No mês de março, no México, teve início um surto de gripe A (H1N1), que, em seguida, viria a se espalhar pelo mundo começando pela América do Norte, atingindo pouco depois a Europa e a Oceania.


Classificado pela Organização Mundial de Saúde como alerta pandêmico de nível 4, que significa transmissão de pessoa a pessoa, o vírus atingiu o nível 5 logo em seguida, que significa que há a transmissão da doença entre pessoas em pelo menos dois países com risco de pandemia, numa escala que vai de 1 a 6.


Durante a fase mais grave do surto de gripe suína, quando ainda havia muitas especulações sobre o número de contaminados nos diversos países, os meios de comunicação, principalmente jornais e sites de notícias, na ânsia de publicar determinado acontecimento antes do que seus concorrentes, acabavam por soltar notícias desencontradas.


A cada hora o número de pessoas com suspeitas de ter a gripe aumentava, sendo que poucos efetivamente eram de gripe suína. Sendo que até o dia 23 de maio, de 12 mil casos, apenas 86 foram fatais. O que pode exemplificar a real força do vírus é o que foi dito pelo carioca que, quando curado, disse que essa não foi a gripe mais forte que já teve. "Eu fiquei até um pouco assustado quando me deram a notícia, pois não senti nenhum sintoma muito forte. Minha febre foi de no máximo 38º C. Não tive mal-estar nem dor de cabeça", disse.


Esse repetição de notícias de maneira excessiva fez com que a população se assustasse com a possibilidade de ser contaminados, tanto que, até mesmo no Brasil, podia-se encontrar pessoas na rua com máscaras, que na verdade não tem quase nenhum efeito, além da medida do Ministério da Saúde de examinar todos que chegavam no país, ainda no avião, que algumas vezes foi criticado pela maneira como tratava as pessoas, fazendo com que muitos cancelassem suas viagens.


Será que o excesso de notícias repetidas nos meios de comunicação foi capaz de informar as pessoas sobre o surto de gripe, passando a real dimensão do vírus?

6 comentários:

  1. Estudamos, inclusive na aulas de Teoria da Mídia sobre a relação entre á comunicação e a violência. Aprendemos que a linguagem informativa e seus simbolismos permitem diversas interpretações, Vivemos sob um espetáculo, onde os meios de comunicação, principalmente a tv ,caracterizam-se por um processo obsessivo, no qual preocupados com índices de audiência descartam o aprofundamento das questões em pauta, permanecendo uma redundância irritante e infundada. Toda essa estrutura do informar sem revisão, sem refletir causa uma incomunicação que dificulta a distinção entre o fato e o exagero proposital.Então, toda essa falação sobre a gripe assustou mais que informou, disso tenho certeza.

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  2. Gostei muito do texto!
    Bom, acredito que a intenção dos jornais ao noticiar incessantemente sobre a gripe não era causar pânico. Cheguei a ler (acho que no Yahoo) uma comparação dessa epidemia com a da gripe espanhola. Acho que eles estavam assustados tbm, e esse terror acabou transparecendo nas matérias. Afinal, jornalistas também são seres humanos e tem tanto medo quanto qualquer um. É claro que na função de mediadores, é preciso haver controle e calma, o que obviamente não aconteceu.

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  3. Acredito que com a explosão de notícias que surgiram na mídia sobre este caso, só fez com que as pessoas acreditassem que era o fim dos tempos. A cada hora se ouvia que mais um caso dessa gripe no mundo havia sido descoberto, só fazendo o pânico geral aumentar.
    Isso acontece sempre quando a mídia trabalha com o desconhecido ou com tragédias,preocupados com a audiência, com a atualização minuto a minuto, esquecem o impacto e a desinformação que esse exagero causa no receptor.

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  4. Com certeza não! A prova são os números de casos fatais e a expectativa não correspondida de o mundo todo passar por um mar de mortes, hospitais lotados e milhões e milhões de pessoas gripadas! A constante "martelada" da mídia sobre o assunto assustou inúmeras pessoas. Muitos cancelaram viagens, andaram com máscaras...e tudo isso com alienação! O que era uma suposição para tomar cuidado, virou uma certeza, espalhando pânico pelo mundo inteiro. A mídia faz isso constantemente e só resta aos receptores leigos acreditar, mesmo quando o assunto é desviado da realidade.

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  5. Lembro que quando começaram as notícias sobre a doença, a mídia já tinha dado a quantidade de mortos pela gripe. Depois desmentiram a informação e baixaram o número drasticamente. Além disso, nos dois primeiros dias toda a mídia noticiava quase que minuto a minuto as últimas informações. Em dois dias de doença, eu já não aguentava mais ouvir falar sobre ela, pois por diversas vezes o repórter aparecia e falava:"Bom, estamos aqui no México e o número de infectados continua o mesmo. Mas estamos a postos para mais informações". Então, quando você tiver mais informações entre no ar. Esse bombardeio de notícias, fez com que a doença tomasse proporções gigantescas, causando pânico na população de todo o mundo. Tanto que, no Egito, por acreditarem que a doença vinha pelo simples contato com o porco ou mesmo pela ingestão de sua carne, os egípcios começaram a matar os animais. Acredito, que em casos como este, em que a saúde da população está em jogo, a mídia deveria ser mais cuidadosa.

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  6. Isso tudo faz parte da concorrencia entre as grandes midias. Acho terrivel que a especulacao tome a vez de uma reportagem bem apurada, soh para que um determinado meio de comunicacao transmita a noticia antes que outro. O panico que foi instaurado foi um exagero total, e agora que a poeira baixou um pouco, o acidente da Air France tomou conta das pautas. Engracado, nao...

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